segunda-feira, 30 de março de 2009

Tesouro encontrado

Neste fim de semana tivemos uma grata surpresa. Começamos a organizar a cervejaria para a mudança que iremos fazer esta semana, e no meio da bagunça de garrafas vazias e cheias contaminadas, encontramos 2 garrafas "flip-top" cheias e supostamente contaminadas que gostaríamos de reaproveitar.

Estas garrafas contaminadas estão guardadas há mais de 1 ano, e ainda não tínhamos jogado fora por preguiça. Mas estas duas "flip-top" estavam um pouco separadas das demais, e quando estava prestes a abrí-las e jogar o conteúdo fora, resolvi colocá-las para gelar e ver o que tinha realmente dentro delas.

Sem muita pretenção, abri a primeira quando ainda nem estava muito gelada, e minha surpresa começou quando resolvi cheirar a cerveja ainda na garrafa. Nenhum sinal de contaminação, muito pelo contrário, percebi um delicioso aroma caramelado e com leve lúpulo. Ansioso, coloquei um pouquinho da cerveja no primeiro copo de requeijão que vi pela frente e cheirei novamente, confirmando minha primeira impressão.

É comum abrirmos uma garrafa que sabemos que está contaminada na esperança de que ela por um milagre não esteja, mas desta vez parecia que ela realmente não estava contaminada.

A prova final viria na degustação. Provei o que tinha colocado no copo de requeijão e fui obrigado a gritar "Murilo, tu não vai acreditar", e ele veio andando descrédulo e eu falei "Adivinha que cerveja é esta?", e ele , ainda achando que era uma das contaminadas, não entendia minha alegria. Ele provou e falou "é aquela Red Ale do ano retrasado!".

Aí ele entendeu minha empolgação. Esta cerveja foi uma das primeiras que fizemos, e até aquele momento a consideramos a nossa melhor. O que não entendemos é como pudemos esquecer duas garrafas logo desta cerveja!

Comparando com a cerveja quando ela estava nova, notamos que o sabor de caramelo se intensificou, mesclando perfeitamente com o amargor, e o aroma de lúpulo suavizou, mas mesmo assim ainda estava presente.
A cerveja ficou totalmente translúcida, parecendo uma comercial filtrada. A carbonatação estava perfeita.
Não dá pra dizer que estava melhor do que quando nova, mas estava mais "bem acabada".

Esta foi a nossa única oportunidade de provar uma cerveja nossa com tanto tempo de garrafa. Ela ficou aproximadamente 1 ano e 2 meses escondida de nós e da luz, em condições que a ajudaram a envelhecer maravilhosamente bem, apesar de seu teor alcoólico médio (5,7%).

Sorte que eram 2 as garrafas esquecidas, e ainda temos a outra para degustar com mais calma. Pena que ela já estava na geladeira, e terá que continuar lá até decidirmos que é o momento de degustá-la. Se estivesse fora, acho que valeria a pena deixá-la mais um tempo para ver o que aconteceria.

Com esta experiência involuntária tiramos a prova de que cerveja caseira pode durar bastante tempo, e que com o envelhecimento ela tende a adquirir características bem interessantes.



Foto do tesouro encontrado. O segundo copo servido já estava mais turvo.

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