segunda-feira, 17 de março de 2008

Degustação de cervejas caseiras na padoca

Na sexta-feira passada (14/03) tivemos uma degustação de cervejas caseiras na Padaria Metrópole, na trindade.

As cervejas da noite foram a Sambaqui Ale, do Filipe Costa, as cervejas Avatar Trigueira e Laranjinha do Tiago Costa (não são irmãos!!), e a Tietê Ale, do Ricardo Panarotto e Cia.

Infelizmente não tínhamos nenhuma Opus para levar, pois as Opus XV (Strong Golden Ale) e Opus XVI (Brown Ale) estavam há poucos dias na garrafa.

A Sambaqui Ale é a primeira leva da Cervejaria Anitápolis, do Filipe Costa, e neste dia foi sua estréia na Padoca. É uma american amber ale muito boa, com lupulagem aromática bem presente e 6% de teor alcoólico. Tive a satisfação de ajudar o Filipe nesta primeira brassagem, juntamente com o Donatti. Para mais informações sobre as cervejas do Filipe, leiam o seu blog (http://cervejariaanitapolis.blogspot.com)

Filipe abrindo a primeira garrafa de Sambaqui Ale na padoca

As cervejas do Tiago Costa dispensam apresentação. A Avatar já era famosa na ilha muito antes de conhecermos o Tiago, e é uma honra termos o nobre cervejeiro do canto da lagoa como membro do nosso grupo.

A primeira Avatar da noite foi a Canelinha, cerveja de trigo avermelhada com aroma e sabor suave de canela, com 5 tipos de malte e canela em pau (5%vol.). Em seguida degustamos a ExperimentAle, a primeira experiência do Tiago com estilo belga, com casca de laranja, coentro, melado e seis tipos de malte. Encorpada, escura e baixo amargor com teor alcoolico de 6,5%.

Por último degustamos a cerveja Tietê ale, de Ricardo Panarotto e Cia. A cerveja apresentava uma grande quantidade de fermento em suspensão, e por este motivo foi batisada jocosamente por eles de Tietê. A cerveja sofreu um pouco com o excesso de fermento, mas mesmo assim demonstrou que eles estão no caminho!

Além destes cervejeiros estavam na padoca outros cervejeiros como o Raphael Tonera, o Reinoldo Steinhaus (do Chopp Ilhéu), o Rafael (da Coruja), eu, o Murilo, o João e o Fabito, que fizeram sua primeira leva ontem (domingo), e mais alguns futuros cervejeiros que também estão prestes a começar. O Donatti, que levaria sua Quarta Leva Stout, não pode ir na última hora.

Como podemos perceber, o movimento de cervejas caseiras em Florianópolis e região está se fortificando! Que venham novos cervejeiros!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Brassagem da Opus 17 - Pilsen

Este fim de semana voltamos ao trabalho depois de umas semanas envolvidos em outro projeto cervejeiro, a ser relatado por nós em breve. E resolvemos voltar com um desafio: fazer nossa primeira cerveja de baixa fermentação.

Quem faz cerveja em casa sabe que é muito mais fácil fazer uma cerveja de alta fermentação (ale) do que fazer uma de baixa fermentação (lager), e o principal motivo é o controle de temperatura. Enquanto uma ale fermenta em temperaturas próximas à temperatura ambiente (entre 18 e 25C), uma lager precisa de temperaturas mais baixas, entre 9 e 15C. Outra dificuldade está no fato de que as lagers possuem sabor bem mais "limpo" do que as ales, e qualquer problema no processo acaba ficando evidente no sabor da cerveja pronta. É mais fácil mascarar os problemas em uma ale!!

O estilo escolhido foi uma Pilsen da Bohêmia. Mas antes que alguém se assuste achando que estamos tentando clonar a Bohêmia, na verdade é o estilo da Pilsen original (opa, também não é aquela Original) da República Tcheca, onde o estilo foi criado. As principais características deste estilo são o sabor acentuado de malte e um amargor intenso, além do aroma característico de lúpulo.

Já estávamos há tempo querendo fazer uma pilsen, e nosso interesse pelo estilo aumentou quando tive a oportunidade de comprar a Pilsener Urquell na Argentina por 5 reais a lata de 500ml, e também de provar a Pilsen da Antares, de Mar del Plata. Ambas são cervejas maravilhosas, muito diferentes das nossas "pilsens".

O sabor especial de malte das pilsens da República Tcheca vêm de uma técnica chamada de decocção, onde parte do malte é fervido durante a mosturação para fazer a rampa de temperaturas. Neste processo é produzida uma substância chamada melanoidina, que é responsável por este sabor característico. Não tentamos reproduzir esta técnica em casa, mas contamos com a ajuda da maltaria alemã Weyermann, que fornece um malte chamado Melanoidin, que, utilizado nas quantidades corretas, confere o sabor derivado da decocção sem a necessidade desta técnica. Se fica igual, não sabemos, mas é muito mais prático!

Utilizamos malte pilsen e 4% de melanoidina. Não colocamos mais com medo de tornar a cerveja muito vermelha, o que a descaracterizaria como pilsen. Utilizamos lúpulo Magnum para amargor e lúpulo Saaz, que é o lúpulo característico deste estilo, como aromático. A lupulagem aromática foi realizada em 3 momentos, a primeira a 20 minutos do final da fervura, a segunda a 5 e a última logo após o final. O amargor pretendido foi de 35 IBU. Como comparação, as "pilsens" brasileiras tem em torno de 12 IBU, e a Heineken, que muita gente acha amarga, tem em torno de 18 IBU. A densidade inicial ficou em 1.056, o que nos dará em torno de 5.5% de álcool.

Após muito trabalho paralelo lavando garrafas, enchendo postmixes e engarrafando cerveja, terminamos a brassagem e já sentimos na pele a dificuldade de se produzir uma lager. O dia estava muito quente, com uma temperatura em torno de 30C dentro de casa, e na hora de resfriar o mosto a temperatura mais baixa que conseguimos com o nosso equipamento foi de 31C. Pensamos em tentar alguma alternativa como colocar o mosto em galões de água no freezer para baixar mais a temperatura, mas como estávamos mortos de cansaço e fomos tranquilizados por cervejeiros mais experientes de que isto não faria tanta diferença na cerveja, resolvemos colocar o fermento com esta temperatura, para em seguida colocá-la no freezer para fermentar a 12C. Mas já iremos pensar em alguma alternativa para as proximas lagers.

Utilizamos 2 pacotinhos de 11g de fermento seco Saflager S-23 em um dos galões e uns 250ml de fermento líquido fornecido pelo Raphael Tonera. O fermento líquido nada mais era do que a primeira geração do mesmo S-23 utilizado pelo Raphael em uma brassagem anterior. É uma boa oportunidade para verificarmos o resultado do reaproveitamento do fermento.

Agora é esperar. Deixaremos a cerveja fermentando por umas 3 semanas, em seguida iremos colocá-la para maturar por mais umas 2 semanas e depois iremos engarrafar e colocar no postmix.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Pubs de Buenos Aires

No final de fevereiro eu e a Rosi (minha namorada) passamos alguns dias em Buenos Aires, e claro, aproveitei para visitar alguns Pubs e provar algumas cervejas.
Apesar de ser minha 3a vez na cidade, ainda não havia tido oportunidade de conhecer muitos pubs, e para não perder tempo em armadilhas para turistas entrei em contato com um colega do Ratebeer, o Nicolás (Fukito).
O Nicolás é um cervejeiro caseiro e apreciador de cervejas bem ativo no ratebeer e eu sabia que podia contar com suas dicas. Ano passado o Júnior da padoca, em uma visita à B.As., havia se encontrado com ele e aprovou as suas dicas e sua hospitalidade.

Logo na primeira noite já marcamos um encontro para conversar e tomar umas cervejas. Eu e a Rosi fomos até a sua casa para provarmos suas cervejas, e em seguida fomos a 2 pubs.
A primeira cerveja que tomamos na sua casa foi uma excelente Pilsen de estilo alemão, inspirada na Bitburger. Em seguida provamos uma American Pale Ale, super equilibrada e saborosa. E por último, uma maravilhosa Double India Pale Ale, de meros 110IBU. As cervejas do Nicolás são muito boas, e a característica que mais me chamou atenção foi a sua transparência, que segundo ele é obtida com muito tempo de maturação e sem ajuda de nenhum agente clarificante.
Bebendo cerveja na casa do Nicolás (foto by Rosi)

Em seguida fomos no Antares Pub, no bairro Palermo. A Antares é uma cervejaria artesanal de Mar del Plata, no litoral Argentino. O lugar, além de muito agradável, oferece todas as cervejas da Antares em barril e garrafa. Já havia provado algumas delas, e o que me chamou mais atenção foi o último lançamento, uma Pilsen "Original" seguindo o estilo das cervejas da República Tcheca. Uma pilsen com aroma maravilhoso de lúpulo e amargor acentuado. Realmente muito boa.